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ADOTE O POVO NALU DA GUINÉ-BISSAU
Quem são os Nalus?
Os Nalus são mestiços do Sudão. Segundo os Nalus, no principio eles viviam em Meca, onde trabalhavam de forma obrigatória na construção de mesquitas.
Os Nalus fugiram da Meca para o Mali e do Mali para Timbú-Futá, onde travaram grande guerra. Depois passaram Bidjine, prosseguindo para Forea. Dali foram para Quedara, na zona de Cubussecu, indo para Tornbalí, Cubucaré e Quitafiné (República da Guiné-Bissau).
Os Nalus podem ser caracterizados em dois grupos distintos: Nalus mansos e Nalus bravos. Os Nalus mansos foram chamados assim pelos portugueses. Os mansos comunicavam-se com outros povos. Durante a guerra da independência da Guiné-Bissau, os mansos se aliaram aos portugueses contra os próprios guineenses que queriam tomar a cidade de Cacine. Os Nalus bravos vivem no campo fora dos grandes povoados e não aceitavam o contato fácil com outros povos. Esses, até hoje, residem em comunidades fechadas e moram fora de Cacine, ainda seguem os seus costumes e conservam a língua nalu.
ALGUNS DE SEUS COSTUMES
O povo Nalu tem recebido e aderido de uma forma rápida grande parte dos aspectos culturais da etnia Susu que vivem na região onde habita os Nalus junto à fronteira de Guiné Conacri. Atualmente os Nalus falam a língua Susu e a sua própria língua somente e falada de uma forma pura pelos velhos no Sector de Cacine. Já na área do Sector de Catió os Nalus falam a língua Nalu e também o Crioulo.
A sociedade Nalu é comunitária, o princípio comunitário estende-se às terras para lavoura, aos pastos, às árvores de frutos, as reservas de caças, de pesca e de lenha, e até certos bens de consumo.
A Família é muito importante. Quando uma pessoa deixa a sua família ou passa a fazer algo diferente do uso local e dos costumes religiosos da tribo, ela é considerada traidora e pode ser banida ou perseguida.
O Nalu é polígamo. Isto significa que o homem poderá casar com várias mulheres, sem existir barreiras quanto à religião. Segundo as leis Islâmicas, ele poderá ter até quatro mulheres. Contudo, o homem Nalu entende que pode casar-se com quantas mulheres quiser, se ele tem condições de sustentá-las.
Os Nalus alimentam-se de arroz, carne, peixe, peixe seco e caça. A região de Cacine se encontra na maior área florestal de Guiné-Bissau. O homem prepara o plantio nos campos de arroz e a mulher faz o transplante do arroz nas bolanhas. Durante a colheita, ajuntam-se muitas famílias, realizando sempre grande festa quando essa chega ao fim.

Criança Nalú cuidando da lavoura de arroz no campo – Foto: José Valberto Teixeira Oliveira – Setembro 2009
O tempo é cíclico. O Nalu vive numa sociedade rural, o trabalho não está fixado ao tempo como no ocidente. Para eles, o tempo se refere à agricultura, frutificação das plantas, à sementeira, à colheita e pelo culto. Ele é marcado por datas fixadas, como as festas do Islã (o Ramadan) e o Tabasqui – festas do fanado e do culto ao Macho. Não há preocupação com o futuro. Tudo é adquirido para o presente. Se conseguirem ajuntar dinheiro, gastarão tudo no presente com festas e prazeres momentâneos. Porém, dão ênfase ao passado, voltando-se sempre para os ancestrais e para a preocupação de manter as tradições antigas da família. Principalmente, quando observacao o calendário Islâmico e nas cerimônias dedicadas aos deuses locais. Assim, não há necessidade de planejamento.
AS CRENÇAS DO POVO NALU
AS CRENÇAS DO POVO NALU
Na antiguidade eram animistas; mas a etnia Fula desde meados de 1860 a 1888 (durante a guerra de Forea) que começou a pregar o Islamismo para os Nalus. Esse trabalho não foi de grande impacto na época. Mais tarde segundo Garcia de Carvalho, na luta com os Fulas, os Nalus foram aprisionados e se converteram ao islamismo. A conversão dos Nalus influiu assim como em outros grupos étnicos, mais no exterior, ocorrendo de forma muito lenta e incompleta. Ainda permaneceram neles as práticas animistas, formando uma espécie de animismo henoteísta, onde se busca a bênção baraca de Alá. Os Nalus consultam, ao mesmo tempo, a Neném (Nem’m), irãs, feiticeiro e aos mouros.
O Nalu tem medo da morte, quase sempre está relacionada com o sobrenatural. Benibem, o espírito da morte recolherá o seu último suspiro; Fecandó ou Nirihá julgará as qualidades do defunto.
Em certo sentido, o universo Nalu é bem diferente do ocidental. Tem base no relacionamento do indivíduo com seu deus e os espíritos, além de Alá, o Deus islâmico, que ele aprendeu a orar e oferecer-lhe culto, principalmente para receber as suas bênçãos.
O indivíduo crê nos espíritos, nos deuses, nos espíritos dos ancestrais e nas forças que são vistas e percebidas por eles em todas as partes da sua vida diária. Tais divindades são comemoradas em muitas festas, cerimônias, ritos e sacrifícios anualmente. O Nalu manipula os seres e poderes espirituais para o seu próprio bem. Quase sempre é um esforço para agradar aos espíritos ou neutralizá-los. Outras vezes, para usá-los com o fim de trazer bênçãos para si ou amaldiçoar os inimigos. Ele utiliza as forças para ajudar e os livrar de outros espíritos e de outras pessoas maldosas que crêem estar pronta para fazer-lhe mal.
O Nalu crê que Alá é o deus da graça e misericórdia, de bênçãos e benevolências. Apesar de estar longe e não vê-lo, alguns crêem que ele pode dar bênção como os “Marabús” (professores do Alcorão) ensinam. Para o Nalu, Alá pode abençoá-lo através do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Trechos do Alcorão são metodologicamente usados pelos Nalus em suas decisões.
O Nalu tem medo do desconhecido. Este medo assume o controle de sua vida e não deixa ter liberdade. O medo o aprisiona, aflige, atormenta e faz com que ele crie personagens e situações que vão atacá-lo e destruí-lo. O universo Nalu está cercado de poderes do mal, dos espíritos e de pessoas maléficas. O espírito do medo domina os corações do povo Nalu.
ONDE VIVEM
ONDE VIVEM?
Atualmente habitam no território compreendido entre o rio Timbale e a margem do rio Cacine no Sul da Guiné-Bissau e por terras de Guiné-Conacri até além do rio Nuno. Eles vivem uma grande região localizada ao sul da Guiné-Bissau (na floresta do Cantanhez e Catió), país no ocidente da África.